Em sua Geografia dos Mitos Brasileiros, Cascudo informa-nos que foi em fins do século XVIII que se deu a aparição do Saci, "vindo do Sul, pelo Paraguai-Paraná, justamente a zona indicada como tendo sido o centro da dispersão dos Tupi-Guaranis", contudo há referências a entes semelhantes nas mais diversas regiões do planeta, provavelmente porque, como bem o percebeu o mestre potiguar, esse nosso demônio nativo corresponde ao Gremlim da América do Norte e seus similares noutros países.
O mito do "Çaci" assume diversas denominações. podendo ser SACI PERERÊ no Sul do país, KAIPORA no Centro e MATINTAPEREIRA ou MATY-TAPERÉ ao Norte. No Pará e Amazonas sua imagem é a de um curumi que anda numa única perna e tem os cabelos cor de fogo. Parece que através do sincretismo luso-africano, ele ganhou o barrete vermelho - comum em Portugal - e os traços negróides, mais o cachimbo.
Dizem que o Saci tem por companheira uma velha índia - ou uma preta velha, maltrapilha, cujo assobio arremeda seu nome: Mati-Taperé. Crêem alguns que ele é filho do Curupira; outros identificam-no como um pequeno pássaro que pula numa perna só; há também aqueles que dizem ser as mãos dele furadas no centro.
Em muitos lugarejos a existência dessa bruxa cabocla que se transforma em gato, cachorro, bota, morcego, porca, pássaro, é tida como inconteste e até encarada com normalidade.
O assobio da Matinta, atestam todos que já o ouviram, "é coisa de outro mundo"; "arrepia até a alma"; "a gente sente como se estivesse levantando do chão", etc. Dizem ainda que ao ouvir o assobio a pessoa disser: - "Vem buscar tabaco amanhã ", pode contar como certo que na manhã seguinte encontrará, à porta de sua casa, uma velha ou uma pedinte, em busca do que lhe foi prometido. Também, pode ser a primeira pessoa que aparecer na casa pedindo um inocente cigarro...
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