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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Boiúna ou Cobra GrandeFalar das coisas da Hiléia no sentido superlativo, pode parecer exagero para o estrangeiro ou turista acidental. Contudo, a grandiosidade da Amazônia não se reflete apenas no seu gigantismo territorial, ela está presente também nos elementos da flora e da fauna, na malha hidrográfica, nas riquezas do subsolo, e mais ainda, nos mistérios da natureza, nos segredos ocultados pelos inúmeros igarapés, igapós, lagos, furos, etc. Arvores monumentais, rios cuja margem oposta não se consegue enxergar, e uma considerável gama de fatos estranhos fazem parte do cotidiano do nosso caboclo, mas que deslumbram os visitantes. É nesse palco que o mito da Cobra Grande mescla-se com o réptil, no cadinho das crendices populares.

De fato existem cobras enormes, grossas e compridas como os troncos das árvores, e quase todos que costumam viajar pela complexa teia aquática da região, bem como os ribeirinhos e moradores das matas, conhecem histórias da Cobra Grande ou já viram a "bicha" nalguma de suas aparições. Qualquer um que percorrer esses interiores poderá recolher dezenas de relatos que contam tanto do mito quanto dos ofídios monstruosos.

A Boiúna é uma corruptela de Mboi (cobra) e Una (preta), designação aplicada com mais propriedade ao mito; ao réptil é boiaçu ou boiguaçu, a sucuriju, classificada dentre as maiores cobras do mundo, juntamente com a jibóia e a sucuri. No Pantanal matogrossence a boiaçu é batizada de Anaconda.

Lendas que falam de dragões e serpentes de tamanho descomunal pertencem as mais diversas culturas e civilizações, desde tempos remotos, chegando em alguns povos a constituir motivo de adoração e base de seitas de fanáticos. O mito da cobra grande é um dos mais antigos.






Cobra NoratoOutra cobra famosa das lendas hileanas é Cobra Norato, um jovem encantado que durante a noite se desencanta e vira gente, tal como acontece com o Boto. Assumindo sua condição humana, NORATO freqüenta as festas, dança muito, namora as ribeirinhas e desaparece antes do amanhecer.

Este é um mito genuinamente paraense, se bem que jovens belos e formosos transformados em bichos lembram as histórias de príncipes encantados em sapos; de donzelas enfeitiçadas e princesas prisioneiras, dos contos europeus.

Nossa lenda diz que uma cabocla de nome Zelina deu à luz a um casal de gêmeos: Honorato e Maria Caninana, duas cobras. Jogou-as no rio onde se criaram, mas Maria Caninana vivia fazendo malvadezas até que foi morta pelo irmão, que tinha bom coração.


Sempre que assumia sua forma humana ia ele visitar sua mãe, a quem implorava que o fosse desencantar. Para que o encanto fosse quebrado, deveria chegar onde estava o corpo adormecido da serpente, por um pouco de leite na sua boca e ferir-lhe a cabeça, de forma que sangrasse. A mulher por medo nunca chegou perto do réptil, até que um soldado da guarnição da ilha de Cametá livrou o jovem da maldição.

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